quarta-feira, 17 de março de 2010

Especialistas dão sua opinião sobre impacto urbanístico de obras para desafogar o trânsito nas grandes metrópoles

Essa discussão é bem interessante!! Apesar de ser quase uma unanimidade que serão mais vias para ficarem congestionadas na Marginal Tietê... a obra continua firme e forte!! Especialistas e diversas entidades se promunicaram contra, mas não foram suficientes. Os argumentos a favor da maior "fluidez" dos veículos estão entranhados nos administratores públicos da maior cidade do Brasil, São Paulo. 

O que me preocupa é que as iniciativas tomadas em São Paulo repercutem em todo o país.  A conscientização dos técnicos e planejadores urbanos em direção ao transporte sustentável está se consolidando nas grandes cidades, mas não são suficientes ainda para influenciar a agenda política.

Será que teremos um retrocesso antes mesmo de produzirmos avanços mais significativos em direção a gestão da mobilidade urbana nas grandes metrópoles brasileiras?




Piniweb, 1/Fevereiro/2010
Obra na Marginal Tietê reacende a discussão: do ponto de vista urbanístico, é mais eficiente investir no transporte coletivo ou em projetos para melhorar a circulação de veículos?
Ana Paula Rocha

A obra de ampliação da Marginal Tietê, em São Paulo, reacendeu a discussão sobre a importância de projetos que priorizam a circulação de automóveis e o seu impacto urbanístico na cidade. Governantes defendem que desafogar o trânsito é uma necessidade maior. Já alguns especialistas preferem dizer que os investimentos em transporte coletivo resolveriam de forma mais eficiente o problema nas grandes metrópoles. O assunto é tema da matéria de capa da revista aU de fevereiro.

O projeto em execução prevê a construção de três novas pistas em cada sentido da Marginal, além de novas alças próximas a ponte das Bandeiras, da avenida Cruzeiro do Sul e da ponte do Tatuapé. Também serão construídos três viadutos na saída da avenida Santos Dumont, no final da rodovia Presidente Dutra e da avenida Salim Farah Maluf.

O custo do projeto é de R$ 1,8 bilhão, o que já se equipara ao orçamento para a implantação de uma linha de metrô, defendida por especialistas como mais eficiente. De acordo com eles, o número de pessoas beneficiadas com aumento de investimentos no transporte coletivo é muito maior do que daquelas que utilizam carros e táxis.

A falta de discussão do projeto na sociedade e o seu impacto negativo para a mobilidade urbana levaram inclusive o IAB-SP (Instituto dos Arquitetos do Brasil - Departamento São Paulo) a fazer um Manifesto de Repúdio às obras da Marginal. De acordo com o documento, assinado pelo arquiteto Vasco de Mello, "em total contradição com o projeto do Rodoanel - que corretamente objetiva desafogar o tráfego veicular da área urbana do município -, a ampliação do número de faixas de rolamento da Marginal do Tietê constitui-se num indutor à circulação de veículos na área central da cidade, negando todo o embasamento conceitual do tráfego que guiou os estudos de implantação do Rodoanel".

A priorização de investimentos para aumentar a circulação de carros já começa a ser realidade não só em metrópoles, como também em pequenas cidades. Psicólogos, jornalistas, urbanistas e pesquisadores deram suas opiniões sobre o presente e o futuro dos automóveis na cidade e na vida das pessoas na edição de fevereiro da revista aU. Confira alguns depoimentos:

"Existem muitos fatores associados à posse do automóvel que o tornam opção preferencial. Associado à melhoria do transporte público é necessário implantar restrições à circulação dos automóveis, como os rodízios, pedágios urbanos, áreas de circulação exclusivas do transporte público, bem como incentivos ao transporte não-motorizado, restrições de estacionamento nas áreas críticas etc., como já ocorre em várias cidades do mundo". - Carlos Alberto Bandeira Guimarães, professor do Departamento de Geotécnica e Transporte da Unicamp.

"O automóvel é um meio de locomoção auxiliar e não o principal. Por isso, os investimentos no transporte coletivo devem ser em qualidade e em quantidade". - Marcio Fortes, Ministro das Cidades

"É evidente que se houvesse a opção de um transporte urbano razoavelmente confortável, a hipótese de reservar o carro para os momentos de lazer seria cogitada até mesmo por quem mais gosta de dirigir. Seria mais econômico, confortável e exporia tanto o motorista como seu objeto de paixão a menos riscos". - Sérgio Berezovsky, diretor de redação da Revista Quatro Rodas

"Bons sistemas de transporte público são essenciais para reduzir a dependência do automóvel, mas não são suficientes. É preciso também adotar medidas restritivas ao transporte individual motorizado". - Paulo César Marques, professor de mestrado em Transportes na Universidade de Brasília

"A melhoria do transporte público, embora seja algo muito bom, não será suficiente para o brasileiro abandonar seu veículo. De que vale um bom transporte público se as pessoas não estiverem dispostas a usá-lo ou a experimentar a mudança?".  Fábio de Cristo, doutorando em psicologia no Laboratório de Psicologia Ambiental (UnB) e autor do Blog Psicologia e Trânsito.



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