Assisti a 2 seminários promovidos pelo ITDP/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro dos arquitetos David Sim e Jeff Risom da Gehl Architects (http://www.gehlarchitects.dk/). Um no dia 08/06/2010 e outro dia 16/06/2010 . Esse escritório tem sido responsável pelos principais projetos de desenho urbano que restringem o uso de automóveis nas cidades de Nova York, Melbourne e Compenhagem. Somente o fato de ouvir esses profissionais que atuaram nestas cidades já vale a pena a ida!!
Eles reforçam a idéia de que é necessário realizar projetos para as pessoas, ao invés de objetos em movimento! Para isso é interessante considerar: a realidade fisica do local e o que as pessoas fazem. O que vale observar é o partido de projeto deles. Por exemplo:
- consideram que um homem médio caminha a 5km/h, o que define que o observador deve ser estimulado a cada 4s;
- a visão do observador se restringe ao chão e a fachada até 3m de altura. Assim, não importa o tamanho da edificação para o ambiente da rua e sim como é o tratamento da fachada até essa altura.
- o comportamento das pessoas. A reação das pessoas às fachadas envidraçadas e cegas, quantidade de portas. Um dos exemplos dados foi a relevância de fechar a Avenida Rio Branco ao tráfego de veiculos devido a concentração de bancos e fachadas cegas nesta via!
Ressaltam que um shopping center explora mais eficientemente essa questão da transparencia e do tratamento diferenciado para atrair quem passa na frente das lojas!
Todos os projetos foram desenvolvidos a partir de MUITA PESQUISA como contagens, obeservação, entrevista e monitoramento. Aliás em espaço público, um projeto é sempre passivel de mudanças após algum tempo de implantado. Como o português Lamas já havia escrito em seu livro Morfologia Urbana e Desenho da Cidade, URBANISMO É PROCESSO. Sinceramente, acho que perdemos essa noção na cidade do Rio de Janeiro!!
Quanto as ciclovias apresentaram um dado de uma pesquisa do Reino Unido bem interessante: a cada 1 libra investida em ciclovia proporciona ma economia de 10 libras na saúde pública! Também justificaram que as cidades (Nova York, Compenhagem) que desenvolveram projetos que aumentaram a rede cicloviária tambem argumentavam como os cariocas quanto a não adoção da bicicleta como meio de transporte. Aí vão os mitos que cairam por terra: Clima desfavorável, Longas distâncias, Status Social, "Pedalar não serve para mim" e "Pedalar é dificil"!
Que possamos aprender com o exemplo da 9ª Avenida de Manhattam. Após 6 meses de pesquisa, foi definido que a inclusão de ciclovia e a diminuição das faixas de tráfego poderia começar por esta avenida para ser um piloto das futuras alterações. Essa avenida apresentava infraestrutura existente ociosa. Durante um verão foi realizada sinalização horizontal e a inclusão de cones flexíveis. Como a experiencia deu certo, alterações na via foram realizadas durante 2 anos até o desenho atual! Ou seja, é um processo!