domingo, 25 de abril de 2010

Trânsito ruim faz procura por bicicleta aumentar


Num pais tropical como o nosso não adianta desenvolver a malha cicloviária somente. Deve-se estimular estacionamento de bicicletas com apoio de vestiários com chuveiros e armários nos locais de trabalho.  Do contrário, a bicicleta será eternamente tratada como modo de transporte de lazer ou modo de transporte para a baixa renda!
Outra questão interessante é que nas faculdades de arquitetura e urbanismo aprendemos a projetar a cidade para os carros na lógica modernista, pelo menos, foi essa a formação que tive.  E aí fica uma questão: Como os técnicos da prefeituras poderão desenvolver bons projetos cicloviários que são extremamente delicados no detalhe se não recebemos essa capacitação no ensino universitário?
Tenho a sorte de trabalhar a 3km do local de minha residência o que possibilita a ida ao trabalho de bicicleta.  Pedalo bem devagar procurando as ruas mais sombreadas.  O kit (maquiagem, sabonete) fica sempre na bolsa para não ficar muito desconfortável e desarrumada o dia todo! Contudo, durante os 2 meses de verão escaldante do Rio de Janeiro, voltei ao ônibus, já que, infelizmente, não tem vestiário no meu local de trabalho.



http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2504201018.htm
Folha de São Paulo, domingo, 25 de abril de 2010

Empresas oferecem vestiário e lugar para guardar bicicleta; opção representa só 0,8% das viagens
Márcio Pinho da Reportagem Local

Ir ao trabalho ou à faculdade de bicicleta é um desafio em São Paulo. Não apenas pelas longas distâncias e avenidas perigosas, mas porque ninguém gosta de trabalhar suado. Isso já não é um empecilho para todos que se aventuram em duas rodas, já que empresas estão oferecendo vestiários, armários e lugares para guardar a bicicleta.

Uma delas, a Auto-Peças Castro, no Ipiranga (zona sul), construiu um vestiário especificamente para o diretor de informática Sérgio Affonso, 39. Agora, após pedalar 15 km desde São Bernardo do Campo (ABC paulista), ele tem chuveiro e água quente. "Dá para trabalhar mais relaxado", diz.

O trajeto feito por Affonso é um dos 310 mil deslocamentos de bicicleta que acontecem diariamente na Grande SP, segundo a pesquisa Origem e Destino de 2007, do Metrô. O número quase dobrou em dez anos.

Contudo, a bicicleta ainda representa apenas 0,8% do total das viagens. Já no número de vítimas fatais do trânsito, os ciclistas são 4% dos mortos -foram 61 em 2009 na capital.

Apesar do perigo, as vantagens são muitas. A possibilidade de fazer exercício, de fugir do trânsito, não poluir e de economizar entusiasmam ciclistas e as empresas onde trabalham.

Na Ultra, um vestiário que já existia dentro de uma academia usada por funcionários foi oferecida sem custos aos que vão trabalhar de bicicleta.

Ricardo Caielli, 44, analista de suporte, comemorou. Era o que faltava para deixar o carro em casa. Até porque levava uma hora e vinte minutos; de bicicleta, economiza 10 minutos.

Diferentemente de dar uma voltinha de bicicleta no parque Ibirapuera, usá-la como meio de transporte em uma cidade onde quase não há ciclovias requer truques. Cada ciclista desenvolve suas "manhas" para fazer uma viagem tranquila.

Uma das dicas de Sérgio Affonso, que é presidente da associação Amigos da Bike, é escolher ruas menos movimentadas, onde não passem ônibus. Isso significa parar seguidamente nos cruzamentos.

Em alguns trechos, contudo, não tem jeito e é preciso buscar vias de maior tráfego. É o que acontece com o designer gráfico Flávio Doin. "Procuro ficar do lado esquerdo, oposto a onde passam os ônibus, porque acho mais seguro", afirma Doin que trabalha na zona oeste.

Ciclovias da cidade são utilizadas para o lazer

Pistas ainda não despontam como forma de ir ao trabalho

As ciclovias em São Paulo são poucas, têm problemas a serem resolvidos e servem mais para o lazer do que como meio de ir ao trabalho ou à escola. É o que opinam cicloativistas entrevistados pela Folha.

O problema começa com a escassez de opções. A cidade possui apenas 19 km de ciclovias fora de parques, segundo a Secretaria Municipal do Verde.

O órgão inclui nessa conta a ciclovia da Radial Leste (12 km) -falta entregar um trecho de 2 km que fica justamente no meio do percurso-, 1,8 km na Estrada de Colônia, no extremo sul, e 7 km na av. Inajar de Souza (zona norte), que ainda precisa ser concluída e sinalizada, apesar de já ser usada.

A cidade tem ainda 14 km de ciclovia da marginal Pinheiros, administrada pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), onde há um acesso na Vila Olímpia e outros dois na outra ponta.

"É uma ciclovia que acaba sendo usada para o lazer porque o usuário que quer sair no meio não consegue", diz André Pasqualini, diretor do Instituto CicloBR. Outro problema é o fato de ela fechar às 18h. Já a da avenida Radial Leste, para no Tatuapé e não vai até o centro, o que exclui muitos trabalhadores, opina.

Para Pasqualini, a cidade sofre pela falta de conhecimento técnico para planejar uma ciclovia. "Sinto que existe uma boa vontade de autoridades, mas não se sabe como desenvolver, pensar, planejar. As ciclovias de hoje são adaptações de calçadas, de pistas que existiam, aproveitadas de modo a não incomodar os carros", diz.

Para William Cruz, do site Vá de Bike, a falta de interesse em se fazer uma cidade amiga da bicicleta reflete o comportamento da população. "As ciclovias protegem o ciclista. Porém, acabam reforçando a ideia de alguns de que lá é o lugar da bicicleta, e que a rua é só deles", afirma Cruz.

Segundo a prefeitura, serão implantados até 2012 100 km de ciclovias e ciclofaixas -essas não têm separação física entre carros e bicicletas.

Bicicletários: 39 espaços permitem guardar bicicletas em SP 

Os 39 bicicletários espalhados em terminais de transporte público permitem realizar parte do caminho de bicicleta antes de pegar o metrô ou o trem, por exemplo. São 15 em estações do Metrô, 18 da CPTM e 6 em terminais de ônibus (EMTU). Nesses locais, é possível ainda fazer o empréstimo de bicicletas. No Metrô, os bicicletários estão localizados em estações como Vila Mariana, Sé, Vila Madalena e Guilhermina/ Esperança, com horário de funcionamento das 6 às 22h.

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