segunda-feira, 12 de abril de 2010

Transporte em Curitiba já registra superlotação


Em setembro de 2009, visitei Curitiba. Sem dúvida, é o sistema de transporte por onibus mais DIGNO que já andei!!  Pela primeira vez, me senti sendo transportada como cidadã ao inves de um saco de batatas! Mesmo com a sua saturação, ainda se distancia em muito em qualidade dos sitemas por ônibus das capitais brasileiras.

Porém, uma das surpresas que tive ao visitar Curitiba foi a baixa permeabilidade das ciclovias e a sua baixa utilização como modo de transporte.  Elas atendem as áreas de parques como lazer. Tambem pude verificar alguns corajosos ciclistas nas canaletas dos ônibus, o que não é recomendável.

Para onde o sistema de transporte de Curitiba deve crescer? Será o metro?  Será que aliviaria para o sistema de ônibus se o cidadão pedalar uns 5km? Realmente esse é uma discussão que começará a agitar!
Estelita Hass Carazzai da AGÊNCIA FOLHA
Principais linhas de cinco dos seis eixos da cidade têm ocupação máxima
Prefeitura diz que não é possível aumentar o número de veículos nos corredores apesar da superlotação no sistema
Considerado referência mundial em transporte público, o sistema de ônibus de Curitiba já opera no limite de lotação nos horários de pico.

Dados da Urbs (Urbanização de Curitiba), responsável pelo sistema, mostram que as principais linhas de cinco dos seis eixos da cidade registram ocupação de seis pessoas por metro quadrado durante a hora de maior movimento. Considerado padrão mínimo de conforto, o valor é o máximo previsto em lei do próprio município.
Só nos últimos dez anos, a população da região metropolitana de Curitiba, responsável por boa parte da demanda do sistema, cresceu 23%.
A lotação, segundo especialistas, é um sintoma da saturação do sistema de Curitiba. Formado exclusivamente por ônibus, o transporte público da cidade é referência internacional por ter sido pioneiro na adoção, há 35 anos, de canaletas exclusivas para os ônibus, pagamento adiantado das tarifas e plataformas de embarque.
O problema de Curitiba se agrava porque, apesar da lotação, não é possível aumentar o número de veículos. "Tem linhas em que não dá para colocar mais ônibus, senão haverá engarrafamento", diz gerente o do transporte público da cidade, Luiz Filla.
Ou seja, neste caso, quanto mais veículos se colocar na linha, menor será a velocidade dos ônibus. A cidade precisaria de um sistema que comporte maior número de passageiros.
A lotação de Curitiba não chega a ser comparada com a de capitais problemáticas. Em São Paulo, por exemplo, o metrô registra lotação de até nove pessoas por metro quadrado. "Todo dia, nessa hora [de pico], é assim: socado [dentro do ônibus]", afirma a auxiliar de serviços gerais Sandra Aparecida de Oliveira, 32. Pior, às vezes ela relata que vê passar até cinco ônibus seguidos e não consegue entrar.
Filla admite que nos horários de pico há lotação. "A Urbs não tem como proibir que, num ônibus que caibam 100, entrem 101, 102, 103 pessoas", diz.
Para especialistas, Curitiba precisa de novos modais de transporte, como o metrô. "Curitiba demorou muito para evoluir para o metrô, por conservadorismo e vaidade", diz Valter Fanini, presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná.
"Aqui em Curitiba há uma "cultura do ônibus", mas isso [o sistema] não resolve mais todos os problemas, como se dizia antigamente", diz Fanini.
A aposta em novos modais, atualmente, já é replicada por antigos entusiastas do sistema de Curitiba, como a ex-presidente da Urbs Yára Eisenbach.
"O sistema é um modelo de sucesso e deve permanecer, mas só ele não será suficiente", diz ela, que hoje também é presidente regional da ANTP (Associação Nacional de Transporte Público). 

Curitiba promete aliviar transporte
Cidade tenta desafogar linhas de ônibus com novos corredores e aumentando a velocidade dos veículos

Segundo a prefeitura, média de passageiros transportados por hora não ultrapassa máximo previsto em lei -seis pessoas por m2
Para a Prefeitura de Curitiba, não é possível dizer que há superlotação no sistema de ônibus da cidade, já que sua demanda é dimensionada por hora, e não por ônibus.
"Pode acontecer que um ônibus tenha dois ou três passageiros a mais, mas no outro haverá 20 a menos", diz o gestor do transporte público de Curitiba, Luiz Filla. Segundo ele, o número de veículos por linha é calculado de acordo com a demanda por hora.
Analisando-se a hora completa, afirma ele, o número de passageiros transportados não ultrapassará o máximo previsto em lei -de seis pessoas por metro quadrado. Ainda assim, a prefeitura reconhece a necessidade de implantar novos modais de transporte para desafogar o sistema de ônibus.
Desde 2005, o Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), mantido pelo governo municipal, desenvolve o projeto de uma linha de metrô para a cidade, que correrá embaixo do eixo de ônibus com maior movimento de passageiros hoje (o Norte-Sul).
O projeto da linha está sendo finalizado. Já a obra ainda depende de financiamento e não tem previsão de conclusão.
Enquanto o metrô não vem, a prefeitura tenta desafogar as principais linhas de ônibus criando novas canaletas e aumentando a capacidade e velocidade dos veículos.
Na região sul, onde estão os bairros com maior crescimento populacional de Curitiba, um novo eixo, a Linha Verde, foi implantado em maio.
A prefeitura também destaca o primeiro processo licitatório dos ônibus de Curitiba, em fase de conclusão (hoje, as empresas operadoras do sistema são permissionárias). O edital prevê metas de redução da ocupação e aumento da velocidade média dos ônibus, que, segundo a Urbs, servirão para melhorar a qualidade do sistema.

Crise no setor vai repercutir no mundo
Alencar Izidoro da Reportagem Local

Uma crise no transporte coletivo de Curitiba tem um efeito que vai muito além do dia a dia de quem vive na cidade. Sem exageros, pode ter repercussão mundial e até influenciar os debates sobre como deve se deslocar tanto a população de São Paulo como a de regiões dos EUA ou da China.
Curitiba virou referência internacional de transporte rápido e de qualidade usando ônibus.
O reconhecimento fora do país é muito maior do que se imagina por aqui. Enquanto os brasileiros invejam a rede sobre trilhos de diversos países, não são raros os técnicos estrangeiros que citam Curitiba como um exemplo a ser seguido.
Ao exibir sinais de saturação, a primeira pergunta que pode influenciar as decisões pelo mundo é: vale a pena copiar Curitiba?
A resposta certamente vai depender de cada local. O metrô de São Paulo também é invejado -pela qualidade, não pelo tamanho. Mas tem linhas saturadas -uma delas carrega 9 pessoas por m2.
A saturação do transporte coletivo em Curitiba não quer dizer que ele tenha dado errado. Mas ela vai repercutir, e não faltará quem vá citar isso como argumento para defender os corredores de ônibus ou para rejeitá-los.

2 comentários:

  1. 8/Abril/2010
    Curitiba é eleita a cidade mais sustentável do mundo

    Premiação do Globe Forum, da Suécia, escolheu a capital paranaense pelo projeto Biocidade, que tem como objetivo reduzir as perdas da flora e fauna no meio ambiente urbano

    http://www.piniweb.com.br//construcao/urbanismo/curitiba-e-eleita-a-cidade-mais-sustentavel-do-mundo-169196-1.asp?utm_source=Virtual+Target&utm_medium=email&utm_content=PINIweb.com.br+%7C%A0Cur&utm_campaign=NL+PW+12%2F04%2F2010&utm_term=simone_costa@uol.com.br

    Como se pode ver Curitiba se destaca também em outros temas de infra-estrutura urbana!!

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  2. PARA A AUTORA O ARTIGO: Desculpe mas se você acha Curitiba as mil maravilhas venha pegar um ligeirinho em horário de pico para ver se isso é ser tratada como ser humano! Se este sistema daqui é o melhor fico imaginando o pior como será então. Sim, o sistema daqui deixa muito a desejar sim e só é bom na propaganda enganosa a respeito de Curitiba. Colocam poucos bancos nos ônibus (antigamente era diferente), pagam as empresas por quilômetro rodado e essa medida lesa ao extremo seus usuários por causa da superlotação. E isso não é só de agora não, moro aqui desde que nasci e sei do que estou falando. Será que a Europa considera o sistema daqui como modelo se nem metrô e rede decente de ciclovias tem? Duvido!

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