terça-feira, 9 de março de 2010

Urbanismo sustentável em bairro da grande Florianópolis

Esse condomínio em Florianópolis apresenta diversas caracteristicas de desenho urbano e arquitetura sustentáveis.  Parece bem interessante, uma vez dentro do condomínio! Porém, não fica claro como se dá a integração condomínio-cidade existente, como parece ser o caso de Vauban (05/03/2010).  E acredito que esse seja o maior desafio para nós, urbanistas brasileiros! Será que estamos diante de uma oportunidade no Brasil ou de uma nova forma de não-cidade?
O Globo, 03/06/2009

RIO - As calçadas são mais largas para estimular as caminhadas. Já as ciclovias costuram todas as ruelas e avenidas para inibir o uso de carros. Amplas praças, áreas verdes, indústrias não poluentes, prédios verdes e mobiliário ecologicamente correto também compõem o projeto de urbanismo sustentável desenvolvido em Pedra Branca, bairro que começou a ser construído em 2000 na cidade de Palhoça, em Santa Catarina. Com quatro mil habitantes, o local foi selecionado, com outras 15 cidades de diferentes partes do mundo, para o Programa de Desenvolvimento Positivo de Clima , ex-presidente americano Bill Clinton. Os empreendimentos imobiliários escolhidos investirão esforços para reduzir a quantidade de emissão local de CO2 para abaixo de zero.

De acordo com o diretor de engenharia do bairro, Dilnei Bittencourt, o projeto do novo urbanismo estará todo construído em Pedra Branca em 15 anos. A estimativa é que até lá o bairro, de 250 hectares, abrigue 30 mil habitantes em 2 milhões de metros quadrados. A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que as cidades disponibilizem 12 m² de área verde urbana para cada habitante. Atualmente, o Brasil tem 5m² de área livre para cada habitante. A meta do novo urbanismo de Pedra Branca é disponibilizar 25 m² para cada morador.

- O desenho original da Pedra Branca era tradicional. Buscamos em sua concepção atender às quatro funções necessárias para evitar o espalhamento das cidades: moradia, trabalho, lazer e estudo. Isso faz com que o morador tenha no máximo 15 minutos de caminhada, para chegar ao trabalho ou à escola e, em contrapartida, evita o uso do automóvel, responsável pela liberação de 70% do CO2 no planeta. Neste último ano, começamos a implementar a última fase do projeto da Pedra Branca, que tem como uma das principais prioridades, estar voltada para o conceito de sustentabilidade, além de manter a densidade equilibrada, estimular o o senso de comunidade e criar empreendimentos que contemplem moradia, trabalho, lazer e estudo - diz o diretor de engenharia do bairro, Dilnei Bittencourt.

O projeto de urbanismo sustentável, criado por uma equipe especializada em planejamento urbano e com consultoria do arquiteto Jaime Lerner, contará com arborização, piso elevado nas travessias para permitir o fácil trânsito de pedestres e drenagem para garantir ao local rápida secagem e a recarga do lençol freático.

- As cidades normalmente apresentam um rebaixo a partir do meio fio, entre a pista e a calçada. Fazemos o contrário. Damos prioridade ao pedestre. Por isso, colocamos as pistas de rolamento no cruzamento das ruas na mesma altura da calçada. O automóvel é que vai ter que subir o elevado para passar a faixa de travessia- acrescenta Dilnei Bittencourt.

Os empreendimentos serão todos verdes, com coletores solares, e atenderão a todas as classes sócio-econômicas. De acordo com Bittencourt, o preço dos imóveis no bairro varia entre R$ 130 mil, com dois quartos e R$ 1 milhão, com quatro quartos e suítes. O objetivo é, com os prédios verdes, evitar o aumento do preço do imóvel, já que o conceito de sustentabilidade pretende não apenas preservar o meio ambiente como também gerar economias para a população.

Para estimular o senso de comunidade e os laços com o bairro, não haverá muros e nem cercas de proteção aos empreendimentos. No lugar deles, haverá reforços na vigilância local, através das já existentes câmeras nas ruas que são monitoradas por equipes especializadas em segurança e pela polícia. O carioca José Carlos Noronha de Oliveira atraído pela organização e segurança do bairro, se mudou para Pedra Branca em 2004.

- Fiz uma visita ao bairro e fiquei impressionado com a organização do local. Pedra Branca é super protegida. Já morei em 19 capitais, mas ainda não tinha conhecido um planejamento urbano e social como este. As casas são todas orientadas a ter coletor solar e um quarto do terreno de cada imóvel deve estar desnudo para permitir a infiltração da água de chuva - diz José Carlos.

O bairro é um modelo de empreendimento que segue as recomendações da norma Leadership in Energy & Environmental Design Neighboorhood Development (LEED ND), ainda em fase de estudos. De acordo com Bittencourt, a iluminação do bairro será feita com sistemas inteligentes de dimerização da luz, que serão implantados a partir do segundo semestre. Ou seja, até as 00h, os postes e prédios incidirão nas ruas feixes luminosos. Após este horário, a luz será reduzida a metade para economizar energia.

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