sexta-feira, 5 de março de 2010

Subúrbio alemão vive sem carros

Essa experiência de VAUBAN (http://www.vauban.de/info/abstract.html), Alemanha foi premiada na categoria inovação ambiental pela Revista Time em 2009. É um ótimo estratégia de desenvolvimento dos subúrbios sem a dependência do uso do automóvel. O interessante é que a Alemanha tem uma altíssima taxa de motorização da população e nem por isso, negligencia suas diretrizes de desenvolvimento urbano amigáveis a transporte publico, pedestre e ciclovias.

Essa noticia serve de recado para nós, Brasileiros, porque a Alemanha mantém diretrizes urbanisticas claras, mesmo sendo o 4º maior mercado do consumo de automóveis. Enquanto no Brasil, se já enfrentamos sérios problemas de deslocamento nas maiores cidades com a 5º colocação o que irá acontecer com a expansão do mercado de automóveis e aumento de motorização da população?


Brasil supera a Alemanha na venda de carros
Nos dois primeiros meses de 2010, as vendas de carros no Brasil bateram recorde, tirando dos alemães o quarto lugar no ranking dos maiores consumidores de carros do mundo...O mercado no Brasil ainda tem muito espaço para crescer. A média é de um automóvel para cada sete habitantes. Na Argentina, essa relação cai para cinco. Na Alemanha, para dois e, nos Estados Unidos, é um carro para cada americano." http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL1516461-16021,00-BRASIL+SUPERA+A+ALEMANHA+NA+VENDA+DE+CARROS.html
Folha de São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009 adaptado de New York Times
Por ELISABETH ROSENTHAL

VAUBAN, Alemanha - Os moradores da rica comunidade alemã de Vauban são pioneiros, indo aonde poucas mães e executivos que vivem em subúrbios jamais estiveram: eles abriram mão de seus carros.
Estacionamento no meio-fio, ruas particulares e garagens residenciais em geral são proibidos neste novo bairro experimental nos arredores de Freiburg, no sudoeste alemão. As ruas de Vauban são completamente livres de carros, exceto a via principal, por onde passa o bonde para o centro de Freiburg, e algumas poucas ruas periféricas.
Ter carro é permitido, mas há apenas dois lugares para guardá-los: grandes estacionamentos nos limites do condomínio, onde um morador compra uma vaga por R$ 80 mil, junto com uma casa.
Por isso, 70% das famílias de Vauban não têm carro, e 57% venderam um veículo ao se mudar para cá. "Quando eu tinha carro, estava sempre tensa. Sou muito mais feliz assim", disse Heidrun Walter, instrutora de mídia e mãe de dois filhos, que caminhava por ruas verdejantes onde o chiado das bicicletas e vozes infantis abafam eventuais motores à distância.
Os automóveis são a viga-mestra dos subúrbios, onde famílias de classe média de Chicago a Xangai tendem a estabelecer residência. E isso, segundo os especialistas, é um enorme empecilho aos atuais esforços para reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa dos escapamentos. Os carros de passageiros são responsáveis por 12% das emissões de gases do efeito estufa na Europa e por até 50% em certas áreas dos EUA.
Enquanto nas últimas duas décadas houve esforços para adensar as cidades e torná-las mais adaptadas a caminhadas, os urbanistas agora estão levando esse conceito para os subúrbios e focando especificamente nos benefícios ambientais, como a redução das emissões.
Concluída em 2006, Vauban, com 5.500 habitantes numa área retangular de 2,5 km2, pode ser o experimento mais avançado a respeito da vida suburbana com pouco uso do carro. Mas seus preceitos estão sendo adotados em todo o mundo, como parte de tentativas para tornar os subúrbios mais compactos e acessíveis ao transporte público.
"Todo o nosso desenvolvimento desde a Segunda Guerra Mundial foi centrado no carro, e isso terá de mudar", disse David Goldberg, funcionário da entidade Transporte para a América, que reúne centenas de grupos norte-americanos que promovem novas comunidades que sejam menos dependentes dos carros. "O quanto você dirige é tão importante quanto se você tem um veículo híbrido", acrescentou.
Mas convencer as pessoas a abrirem mão dos carros pode ser difícil. "As pessoas nos EUA são incrivelmente desconfiadas de qualquer ideia que envolva não ter carros", disse David Ceaser, cofundador da organização sem fins lucrativos CarFree City USA, segundo a qual nenhum projeto de subúrbio sem carros com as dimensões de Vauban deu certo até agora nos EUA.
Na Europa, alguns governos estão pensando em escala nacional. Em 2000, o Reino Unido começou um abrangente esforço para reformular o planejamento urbano e para desestimular o uso do carro, exigindo que novos empreendimentos fossem acessíveis por transporte público.
Na Alemanha, terra da Mercedes-Benz e das Autobahns, a vida num lugar quase sem carros como Vauban ganha contornos inusitados. O bairro é longo e relativamente estreito, de modo que o bonde para Freiburg para perto de todas as casas. Lojas, restaurantes, bancos e escolas ficam mais dispersos entre as casas do que num subúrbio típico.
A maioria dos moradores tem carrinhos que são rebocados por bicicletas para ir às compras ou levar as crianças para brincar. Para idas a lojas de móveis ou em saídas para esquiar, as famílias compram carros juntas ou usam os carros comunitários alugados pelo clube de compartilhamento de veículos de Vauban.
Walter já morou -com carro particular- em Freiburg e também nos EUA. "Se você tem, tende a usar", disse ela. "Algumas pessoas se mudam para cá e vão embora bem rápido -elas sentem falta de ter o carro na porta."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/ny0106200911.htm

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